Grandes amigos que gostam de provar, mas sobretudo de beber vinho todos juntos. Como a vida os afastou (geograficamente), o vinho acabou por os juntar. E o vinho, torna-se sempre melhor quando é partilhado!
Decidi avançar, sem mais nem menos com disse o nosso amigo do krónikas vinícolas... O meu desafio é algo que tenho vindo a pensar já há um tempo.
Se existe cerca de 200 castas portuguesas, existe apenas uma dúzia delas onde se consegue obter bons varietais, certo?
O desafio é esse, é provarmos e saber se existe além das castas: Touriga Nacional, Aragones (Tinta Roriz), Trincadeira e Baga, boas castas para a realização de bons varietais. Só castas tintas e portuguesas! E sei que existe bons vinhos, por isso vamos lá provar nesta fase natalícia as castas que de não se falam assim tanto e dignificar assim estas castas tugas!
É um desafio e pêras... ou melhor, e uvas! Ainda não alinhei numa prova à quinta, mais por indisciplina da vida do que por vontade. A ver se me amanho e consigo tecer uma prova que se encaixe no desafio. Bela ideia!
Ora bem, bem pensado este desafio. Castas tintas portuguesas (o que exclui a Cabernet Sauvignon, a Syrah, a Merlot, a Pinot Noir...) que não sejam as habituais Aragonês/Tinta Roriz, Trincadeira, Touriga Nacional ou Baga. Mas ainda restam umas quantas: o Castelão, a Touriga Franca, a Tinta Barroca, o Tinto Cão, a Tinta Miúda, o Alfrocheiro, o Moreto... Há muito por onde escolher.
Tinto Cão Ramisco (Complicada mas capaz do melhor. Espero que a revitalizem) Alfrocheiro ( Bebido novo) Castelão Alicante Bouschet (Não é nacional, mas é quase...)
Salvo algumas excepções, prefiro vinhos com mais de uma casta na sua composição, e não me agrada o conceito de mono-varietal com a indicação da casta no rótulo...
Viva Pedro! Pois lá está os mono-varietais são concerteza vinhos mais complicados de fazer e de agradar a todos... Mas aí está a sua beleza e o desafio é descobrirmos se estes vinhos de castas portuguesas "menos conhecidas" conseguem competir com as castas (ditas) nobres. Parece que está mais que visto que podem dar bons vinhos... e um nome (da casta) também vende, por isso se calhar a menor aposta nestas castas. um abraço e boas festas
Bem cabe-me a mim, colocar o primeiro post de 2007, sobre o desafio à quinta. O vinho provado foi um varietal da casta Tinto Cão, do Douro. Um tinto que não é comercializado em Portugal.
Quinta da la Rosa - Tinto Cão 2004 Douro 15%
Realmente fazem-se grandes tintos, com castas menos conhecidas e este é uma prova séria disso. Este vinho apresentou-se com uma cor muito bonita, granada escura, aromas muito envolventes e complexos a frutas silvestres e negras, compota, muito agradável. Toques vegetais a espaços! Na boca os taninos são muito ondulados, bem feitos, entusiasmante mesmo. O vinho apaixona pela sua complexidade e agradável equilibrio que apresenta. Tem um final muito bom, bem persistente e muito interessante.
Para este desafio escolhemos um Alfrocheiro 2002 da Adega Cooperativa de Borba, provado num jantar no restaurante Alqueva. Mostrou um aroma exuberante logo no primeiro contacto, apresentando depois um corpo cheio e bem suportado por taninos sólidos mas não agressivos. Contrariando a moda, não tem um teor alcoólico excessivo (12,5%, uma raridade nos tempos que correm, principalmente no Alentejo), o que realça ainda mais os aromas e a estrutura do vinho, assim como o fim de boca bem prolongado. Não é um vinho excepcional mas está muito acima da vulgaridade e merece, seguramente, uma nova apreciação.
Não deixa de ser curioso que na segunda comparação que fazemos entre o Alfrocheiro e o Aragonês da mesma casa, a casta menos famosa supere a sua congénere em todos os parâmetros. Donde se pode concluir que temos muito boas castas fora daquelas quatro e com potencialidades para fazer grandes vinhos. Este Alfrocheiro , parece-nos, tem tudo para se tornar mais uma casta de referência no panorama nacional, pois até há pouco tempo estava sempre ofuscada pelas outras com que era misturada, o que prova a importância de conhecer os vinhos varietais para melhor apreciar as potencialidades de cada casta “de per si”.
Vinho: Alfrocheiro 2002 (T) Região: Alentejo (Borba) Produtor: Adega Cooperativa de Borba Grau alcoólico: 12,5% Preço no restaurante: 12,75 € Nota (0 a 10): 8
Grandes amigos que gostam de provar, mas sobretudo de beber vinho todos juntos. Como a vida os afastou (geograficamente), o vinho acabou por os juntar. E o vinho, torna-se sempre melhor quando é partilhado!